Estava frio, um nevado inverno, e ouvia uma sutil chaleira mais adentro. Observava-te, petrificada com o frio e o vento, com os cabelos soltos a se dispersar no sopro gélido. Aproximando-me, pego tua mão, beijo-a, tomo-te em uma dança, silenciosa, a musicar em nossas mentes, por alguns instantes. Cesso por um momento, sutilmente, enrolo-te em um cobertor, e noto tua face mais corada, sussurro-o. Beijo-te, sim, agora nos doces lábios, e prosseguimos. A sutileza extasiante nos faz, assim, devanear insanamente, e nada mais importa.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
A inspiração alheia
"...Havia neve, fragoroso som de chaleira; estava petrificada com o frio e o vento, meus cabelos soltos se dispersavam, pegava minha mão, beijava-a e dançávamos um instante, em seguida enrolava-me em um cobertor e dizia que eu havia corado, beijava-me, agora nos lábios, e prosseguíamos. Devaneava insanamente enquanto as colisões perfeitamente elásticas e inelásticas suplicavam-me respostas. Dei-as"
by Leozoide at 2:05 AM
terça-feira, 22 de julho de 2008
Einsamkeit oder Zweisamkeit?
A lua, lumiosa e branca no céu. Vento sereno, sutil. Noite a cobrir tudo. Aromas campestres, doces. Talvez uma praça, uma lagoa, um campo, uma rua, uma escadaria, um alpendre, um morro, uma árvore, contanto que silenciosamente. Paz de espírito, tudo a repousar, obscuro e resplandescente.
E vem a pergunta, sobre o melhor, o mais pleno:
Solidão ou alguém com quem estar?
[toda a imagem, a paisagem, a ilusão, torna-se incrivelmente e esmagadoramente magnífica; às vezes sua beleza não é suportável, assim me surge a pergunta]
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Águas represadas
É incrível o efeito que quantidades imensas de água fazem. Sentado aqui, à sombra, observo a resplandescente superfície aquosa que me sorri, serena, e serena me torna. Superfície essa de consideráveis proporções. Não sei o que é exatamente - o brilho, a serenidade, a imensidão, o azul - que acalma a alma e atiça o espírito à liberdade; mas não importa a causa, ela obtém seu esperado efeito.
Choro agora, pelo brilho das imensas águas e pelo gélido vento que me beija a face e o corpo todo, choro feliz pela minha ávida liberdade.
domingo, 13 de julho de 2008
Sobre a curvatura do universo
Assim como venero a redonda lua e a noite que nos envolve, como creio,
adoro e admiro teus seios,
que arrepiam ao meu toque
e tão quentes sempre me parecem.
sei-os. sei-vos. sê-vos!
sábado, 12 de julho de 2008
O empirismo óbvio
Cada momento agora será o mais profundo.
Cada beijo o mais cheio de amor.
Cada gemido o mais delirante.
Cada situação a menos preocupante.
Cada beleza a mais estonteante.
Cada perspicácia a mais bem apreciada.
Cada vento o mais bem soprado.
E
nessa
descida
louca e lú-
cida hei de ser
cada vez mais a mim
mesmo, o máximo possível.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Recado à noite
[Férias, férias] E novamente devoto-me a ti, noite. Sempre me surpreendes pela beleza e sutileza. És de minhas damas a mais formosa e incrível, tu envolves-me e deixas-me ébrio, a sorrir. Estou sempre em ti, a cantar músicas em teu nome, honrar tua visão; tuas frações mais notáveis - a lua, as estrelas, o vento - me cativam totalmente e têm meu amor.
Continuarei, então, a amar-te e desejar-te, esperando de ti a recíproca, enquanto me encaras muda, docemente. Envolve minhas damas e protege a elas e a mim, ambos entendemos que embora nos amemos, cientes somos de nossas liberdades.
Doces liberdades...
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Memória... qual?
Memória, memória... acho que abandonei sua devoção há algum tempo. Rostos e nomes vagos me escapam, palavras ditas e ouvidas me fogem, situações devencilham-se de mim. Imagino que pode ser pela minha opção pelo improviso, nada muito fixo e concreto, menos ater-se a materialidades e mundanidades... [soa tão espiritualista... ou tão relapso...]
É perturbador quando eu sei que tinha algo para escrever, uma coisa que tinha pensado e era interessante, e... não vem! ooooooh...
bem, estou de férias, quero mesmo é esquecer de tudo e viver feliz praticando meu nadismo, o dia todo... nadando, fazendo nada... mas, claro, cada dia um nada diferente... variar é importante, fazer nada não é redundância de rotina...
terça-feira, 1 de julho de 2008
Oscar Wilde
"Sim, sou um sonhador. Sonhador é quem consegue encontrar o próprio caminho ao luar e, como punição, vê o alvorecer antes do resto do mundo"