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segunda-feira, 14 de junho de 2010

O coração era todo Fim

O barulho parou de soar, o cheiro de pólvora fez-se notável e uma paz estranha invadiu o quarto. Ela, com o coração palpitante e as mãos trêmulas, abaixou a arma junto ao colo e escorou melhor na cabeceira da cama. Eram então dois corpos sentados sobre o lençol, o outro enconstado na parede, inerte. Ela olhava toda aquela ternura escarlate se espalhar pela paisagem, a mente rodopiava, "tudo estava acabado". Em seus olhos o mundo se esfarelava, seu coração era ruína, mas uma ruína feita de tal plenitude que enchia a alma e era insuportável. Era o fim daquele amor imenso, não havia outro jeito: não poderiam deixar um ao outro. O resto era só lágrimas, dos olhos e do Fim que abrira nele, lágrimas de diferentes cores, mas que se espalhavam e se misturavam: eram feitos de uma só substância, uma só alma. Por fim - ela sabia - a tristeza chega ao auge, e ela suavemente encosta o metal ainda morno em uma de suas têmporas, implorando para que não dure muito tempo sua agonia.

domingo, 30 de maio de 2010

O dia estava incrivelmente cinza. O ar gélido e úmido indicava que o céu havia se acabado na noite anterior, e, talvez porque o dia estivesse por nascer, o mundo parecesse tão sem-vida. Ou então pois, sentado no chão inerte, a compactuar, apático, com as raras manifestações de mato que se esgueiravam por entre as frestas da calçada, ele sentisse tamanho desolamento que este se propagava como uma aura mórbida ao seu redor. Os amores não eram justos, os egoístas eram todos, o tédio era regra geral na conduta do universo, e não importava muito o porquê de tudo isso, já que cada pedra e cada poça d'água o diziam em uníssono. Suspirar ou não respirar parecia não ter diferença: o que dizer da vida que não se move, que não que ela tenha sido devorada e tragada de algum modo brutal e impiedoso? Mas mesmo frente a essa reflexão, continuava a respirar como-que-morto, se recusando, covarde, a soltar aquele fio de vida, ainda que aquele vazio apocalíptico o esmagasse por dentro e por fora.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pessoa perdida significa pessoa livre?
Pessoa livre significa pessoa perdida?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Quanto à verdade necessária para as escolhas de forma clara, as escolhas verdadeiras que só ocorrem por meio de total concepções dos fatos, bem, eu não acho a verdade muito bonita, como queria que minha vida fosse situada em outro século, em um romance em que eu poderia caminhar ao pôr-do-sol e conversar com alguém como se estivéssemos decidindo o que é certo e errado, mas sabendo que à noite iríamos apenas dormir, acender o fogo! Seríamos só eu e minha companhia, e não haveria tempo para que me julgassem, nem pessoas capazes, sempre consigo dissuadi-las que me julguem, mas tenho medo, não suporto a verdade às vezes. Sou covarde? Sou, mas há certa beleza nessa covardia que retenho."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Acho que tudo o que mais preciso é exalar palavras.
Elas existem em demasia dentro de mim.

Algo estranho ocorreu agora, uma espécie de "click" existencial. Não sei se foi uma epifania, parece algo como dobrar uma esquina, sentindo então que, sim, o caminho é o mesmo, mas está por base diferente. Parece mais, na verdade, como se tivesse subido uma ladeira, e agora posso ver como tem sido meu caminho, e posso analisar como posso melhorar o caminho adiante. Sinto que posso, afinal, fazer melhorias na trilha, não mais cego e inventivo. Agora tenho resquícios e pegadas o suficiente.

[Que este sentimento/ânimo não me deixe]

domingo, 21 de fevereiro de 2010

I wish I could say everything which my mixed mind almost dies to tell outside, but in the end I just die.

[mas apesar de toda a contradição observável, estou aliviado em ver que não morri, afinal. Essa existência semipoeta e semifilosofante segue mais um tanto adiante.]

domingo, 27 de dezembro de 2009

...Acontece que ultimamente eu tenho me alimentado de sentimentos múltiplos, todos os que consigo arranjar. Ando muito aberto, talvez por estar previamente vazio, mas não tenho certeza. Muita coisa tem me captado o interesse, muitas coisas diferentes do que geralmente eu venho a ver. Sentimentos, vários. Esse é um deles, o do natal. Independente de minhas opiniões quanto a religião, achei isso tudo muito bonito e com significados que eu antes não conseguia entender, ou sentir, ou me comover. Há outros sentimentos que têm me captado a atenção também, mas não há muito o que falar agora.

Eu adoro sair da minha vida. Adoro ver coisas outras, sentir variedades de situações e sentidos que antes não se via ou que há muito não se via. Adoro sair da rotina, da cidade, do pensamento enjaulado, mesmo que pretensamente livre...

[Em conversa com a Sindy, no google wave, na madrugada de natal]

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bom de tratar os outros livres é que eles não fugirão de você.

Por hoje tudo me cansa.
E nessa sequência dos dias, vou sem tentar me exceder, pois tudo está exatamente como sempre, apenas minha tolerância apaga com mais facilidade.