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domingo, 30 de maio de 2010

O dia estava incrivelmente cinza. O ar gélido e úmido indicava que o céu havia se acabado na noite anterior, e, talvez porque o dia estivesse por nascer, o mundo parecesse tão sem-vida. Ou então pois, sentado no chão inerte, a compactuar, apático, com as raras manifestações de mato que se esgueiravam por entre as frestas da calçada, ele sentisse tamanho desolamento que este se propagava como uma aura mórbida ao seu redor. Os amores não eram justos, os egoístas eram todos, o tédio era regra geral na conduta do universo, e não importava muito o porquê de tudo isso, já que cada pedra e cada poça d'água o diziam em uníssono. Suspirar ou não respirar parecia não ter diferença: o que dizer da vida que não se move, que não que ela tenha sido devorada e tragada de algum modo brutal e impiedoso? Mas mesmo frente a essa reflexão, continuava a respirar como-que-morto, se recusando, covarde, a soltar aquele fio de vida, ainda que aquele vazio apocalíptico o esmagasse por dentro e por fora.

3 comentários:

Deb disse...

<3

Lary disse...

Isso tudo pra descrever o clique que te deu na alma o estampido do portão se fechando atrás de você quando você saia, né?

Leozoide disse...

isso tudo pra descrever um retrato da desolação, quando o niilismo [ou o vazio] é só o que aparece.
pode se referir a portões se fechando ou não. não tenho compromissos com o que não está por extenso.